HISTÓRIA DA PARÓQUIA SÃO JOSÉ DE MARACANAÚ

Em 1648, houve os primeiros contatos dos colonizadores com indígenas de Jaçanaú, Mucunã e Cágado.


Por volta dos 1786, foi construída a primeira capela de São José. Era uma capela pequena, mal cabendo trinta pessoas.


A partir de 1870, o povoamento cresce em torno inicialmente da lagoa de Maracanaú e depois das lagoas de Jaçanaú e Pajuçara, fazendo com que os nativos perdessem o controle da então chamada Aldeia Nova.


O povoamento da região, no entanto de forma mais efetiva, só começou em 1870, à margem esquerda da Lagoa de Maracanaú e, logo depois, em torno das lagoas de Jaçanaú e Pajuçara.


Em 19 de março de 1874, depois de uma grande reforma ,a capela foi inaugurada solenemente. Em 1894 o terreno foi doado, definitivamente a igreja por Miguel Alves de Sousa, comerciante, católico praticante devoto de São José. Até 14 de fevereiro de 1932, Maracanaú pertencia a paróquia de Maranguape.O primeiro vigário daquele município foi Padre Pedro Antunes de Alencar Rodovalho.


Em 1875, a linha férrea que chegava até Parangaba foi estendida até a sede municipal.


No dia 6 de maio de 1882, Maracanaú foi elevada à condição de Vila por ato provincial.

O povoado tornou-se Vila do Santo Antonio do Pitaguary em 6 de maio de 1882.


Maracanaú tornou-se distrito de Maranguape em 1906.


No dia 15 de fevereiro de 1932 foi criada a paróquia de Maracanaú,mas mesmo sendo paróquia o então Distrito continuou recebendo, por mais de vinte anos assistência religiosa do vigário da paróquia de Maranguape. Somente no dia 15 de fevereiro de 1952 a Arquidiocese nomeou o primeiro vigário da paróquia, Padre José Holanda do Vale.Em 19 de março de 1953,foi inaugurada a nova igreja de São José no lugar da antiga capela, passando então a ser a Matriz.

O Primeiro Vigário da Igreja São José de Maracanaú

José Holanda do Vale nasceu em Redenção no dia 27 de abril de 1923. Filho de João do Vale e de Tecuza do Vale. Tinha sete irmãos: Geraldo do Vale, Luiz do Vale, Celso do Vale, Maria do Carmo do Vale, Maria Dicurde do Vale, Mirtes do Vale e Rita do Vale. Aos treze anos de idade o jovem José demonstrou interesse pela vida sacerdotal sendo levado muito cedo pelo pároco de sua igreja ,em Redenção, para o seminário. Em 1952 mudou-se para o Distrito de Maracanaú, trazendo consigo a sua grande família. De início moraram na antiga casa paroquial que ficava atrás da Igreja Matriz de Maracanaú, mas o local era muito pequeno e tiveram que se mudar para uma casa maior ao lado da igreja, na Rua João Pereira de Andrade. Nesta rua habitaram em duas residências sendo uma delas mantido inalterada até hoje. Tornou-se uma figura muito presente e querida na vida dos paroquianos. De espirito ativo, dinâmico, participava dos principais eventos do Distrito.Visitava constantemente os paroquianos, procurando resolver seus problemas. Impulsionava as festividades religiosas, tomando à frente de tudo e comparecendo a todas as festas de batizados e casamentos. Realizou o 1° batizado em 16 de fevereiro de 1952 de José da Silva, filho de José Gonzaga da Silva e de Rosa Rodrigues da Silva e também o 1° casamento em 1° de março de 1952 de Lauro Gadelha da Silva e Maria da Solidade Silva. Foi também quem criou a 1° turma de catequese da Paróquia em 20 de abril de 1952. Promovia aulas de catecismo com as crianças da comunidade, doava as vestes da 1° comunhão àquelas mais carentes, assim como, em época de festas doava brinquedos aos mais carentes. Junto com o seu grande amigo, o padre Giovanni Sabóia ,dirigia a Banda de Música da Escola de Menores que animavam a festividades da região e impressionavam aos seus ouvintes, pois das mãos de crianças abandonadas e marginalizadas pela sociedade saíam verdadeiras pérolas do cancioneiro popular.

Neste mesmo ano de 1952 foi fundado o hospital dos hansenianos,atual Hospital de Maracanaú, referência em tratamentos de lepra e tuberculose. Desde então as irmãs Capuchinhas, lideradas pelo padre, estiveram presentes em todos os acontecimentos dando seu apoio na administração interna do hospital, trabalhando na área pastoral, atendendo ativamente todas as necessidades físicas e espirituais com toda a dedicação aos hansenianos e a todos os moradores daquela comunidade.

Em 3 de março de 1958 foi fundado o Instituto São José pelo Pe. José Holanda do Vale. Já em 20 de março de 1963 foi fundado o Centro Educacional Gustavo Barroso, colégio pertencente a CNEC (Campanha Nacional de escolas da Comunidade). Tendo a figura ilustre do sacerdote como seu primeiro diretor, atuava também como professor.

O Padre Vale liderou , em 1962, a terceira tentativa de emancipação do então Distrito. O projeto chegou a ser aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado e transformado em Lei, mas veio a Revolução de 64 e exigia uma revisão em todas as emancipações daquela época. Maracanaú voltou a condição de Distrito. Inteligente, bom orador, convencia com facilidade. Engajado nas causas sociais, sempre em busca de servir ao próximo serviu a igreja até 26 de julho de 1967. Alguns remanescentes de sua época narram que o bom sacerdote largou a batina para contrair matrimônios com uma jovem que, alguns diziam ser sua prima outros que era uma serviçal sua,desse relacionamento nasceu uma criança e o casal mudou-se para a capital.Há relatos que o bom pastor arrependeu-se de sair da igreja, pois a grande verdade é que sua essência era o sacerdócio. O Padre Vale morreu de câncer no dia 12 de setembro de 1975, deixando uma legião de órfãos, pois ele sempre se portou como pai dos mais humildes, alimentando-os, agasalhando-os, curando suas mazelas físicas ou espirituais. Mas apesar de ser tão querido por nossa gente , o Padre Vale foi enterrado de favores na tumba de um influente politico de nossa sociedade, não tendo direito a um lugar no cemitério o qual ajudou fundar. Hoje, o nome de Padre José Holanda do Vale é nome da avenida de uma das entradas principais do nosso município, porém a maioria da população mais jovens não sabem quem foi a ilustre figura, da sua importância na formação da sociedade maracanauense, suas lutas e glórias, resgate da nossa identidade.